Criança Feliz – Cérebro Feliz

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Empreitada Educativa:

 

educationDesde cedo que a instituição educativa, para facilitar a administração de conhecimento a muitos alunos em simultâneo adotou uma pedagogia coletiva que visava “ensinar a muitos como se fossem um só“, (Convergência). Assim, a criação de classes, como divisões graduadas por estádios ou níveis de conhecimento e complexidade crescente, segundo a idade e os conhecimentos adquiridos pelos alunos, remonta aos finais da Idade Média. Porém, tal como Tedd Rose afirma no “Mito da Média“, “se desenhamos um ambiente de aprendizagem para a média, fazemo-lo para ninguém!”. O regime de “classes” proposto na reforma de Jaime Moniz em Portugal (1895) foi muito criticado e motivou reações particularmente violentas como a de Simão Dias, depois de a ter comparado a “um regimento do Santo Ofício“, afirma: “Um código penal desta ordem parece ter sido concebido por quem teve a peito converter o professor em máquina falante e a mocidade num bando de imbecis” (Simões Dias, “A reforma dos Lyceus”, 1896).

 CONVERGÊNCIA VS DIVERGÊNCIA

Simão Dias refere que na altura das reformas, os pais se manifestaram profundamente críticos em relação a alguns dos aspetos da mesma, nomeadamente a extensão dos programas, o excesso de trabalho a que os alunos estavam obrigados e ao rigor dos exames. Esta reação dos pais foi de algum modo antecipada por Jaime Moniz afirmando que para as famílias que queriam ver os seus filhos progredir rapidamente, “o saber não tem preço algum: o melhor sistema é o da empreitada ou de mais veloz expedição“. (…) O resultado foi uma diminuição drástica da frequência dos liceus no ano imediato ao da implementação da reforma. Atualmente, muitos são os alunos que não gostam da escola e se perguntam, “o que é que isto contribui para a minha felicidade?

É curioso o paralelismo entre os problemas levantados nas críticas de Simão Dias e a reação dos pais e aquilo que está atualmente a acontecer. Continuamos a cometer os mesmos erros!…

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Ineficiência e ineficácia do atual modelo de ensino.

 

Apesar de muitos professores se esforçarem na preparação e administração de boas aulas, observarem as suas responsabilidades com seriedade, assumirem um comprometimento para com as normas e pressupostos da instituição, observarem os princípios da relação pedagógica e cumprirem com as suas obrigações profissionais em consonância com uma boa conduta deontológica, não conseguem proporcionar bons resultados aos seus alunos e sentem-se cada vez mais frustrados. Ou seja, não conseguem ser eficientes e tornam-se muito menos eficazes. Esta frustração e receio da critica social face à ineficácia dos resultados, promove a necessidade de encontrar justificações fora de si próprios (negação).

  • Ideologia do Handicap Sociocultural.
  • Programas extensos.
  • Alunos perturbadores.
  • Atribuição de rótulos: défice de atenção, hiperatividade, dislexia, etc…
  • Rácio professor/Aluno.

Jorge Ramos do “Ó”, investigador da Universidade de Lisboa afirma que  “é o próprio modelo de ensino que promove o insucesso”. | A taxa de insucesso dos alunos não nos diz nada sobre as capacidades desses alunos, mas pode-nos dizer muito sobre a desadequação da Instituição na sua resposta à maioria da população escolar.

Teoria da mediocridade das massas: acredita-se que o único motivo que faz o s alunos aprender é o medo do chumbo que é visto como uma punição...

Teoria da mediocridade das massas: acredita-se que o único motivo que faz o s alunos aprender é o medo do chumbo que é visto como uma punição para a falta de trabalho escolar… | Sugata Mitra prova que a aprendizagem é um Sistema Auto-Organizado e que as crianças preferem ser autónomas na investigação para responder a desafios (Perguntas) – “Paus e Cenouras“.

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Medo dos baldios neuronais.

 

Continuamos a sobrecarregar as crianças com informação com medo dos “Baldios Neuronais“. Uma boa “Floresta Neuronal” pressupõe um cérebro maior com mais conexões sinápticas entre as células nervosas e parte-se do pressuposto que são estas que nos permitem resolver problemas e compreender os factos. Ou seja, o resultado final da aprendizagem para as crianças seria a inteligência. O paradigma que surgiu nas últimas décadas do século XX, moldou a nossa forma de pensar com base nas novas tecnologias e sobretudo introduziu expressões como “superaprendizagem“, “aprendizagem acelerada” e “ambientes enriquecidos” e nós confundimos quantidade de estímulos com qualidade.

Os neorocientistas descobriram que os alunos que terminaram a escola secundária tinham até mais 40% de conexões do que os alunos que desistiram a meio do curso.

  • Motivação: O grupo de alunos diplomados que estiveram envolvidos em atividades desafiantes demonstraram mais 25% de  “crescimento global do cérebro” do que o grupo de controlo. Contudo a educação , por si só, não foi suficiente. As experiências novas de aprendizagem e os frequentes desafios foram cruciais para o crescimento do cérebro.
  • Falta de Motivação: Os cérebros dos alunos diplomados que “andaram à deriva” durante todo o tempo de escola tinham menos conexões do que aqueles que se testavam a si próprios diariamente (Jacobs, Schall e Scheibel, 1993). O desafio da estimulação sensorial foi corretamente comparado com o nutriente cerebral.

O neurobiólogo Harold Chugani, salienta que o encéfalo em idade escolar quase brilha com o consumo de energia, gastando 225% dos níveis de glucose dos adultos. O encéfalo aprende mais rápido e facilmente durante os primeiros anos de escola. Parece estar prestes a explodir, com um crescimento espetacular, à medida que se adapta com uma precisão estonteante ao mundo envolvente. Durante esta fase são essenciais a estimulação, a repetição e a novidade, para se conseguir o lançamento de alicerces de uma aprendizagem posterior. O mundo exterior é o verdadeiro alimento para o cérebro em crescimento. Absorve os cheiros, os sons, as visões, os paladares e o toque, e volta a reunir a informação em incontáveis conexões neuronais. Quando o cérebro começa a encontrar sentidos no mundo, cria, por assim dizer, uma quinta neuronal. O ambiente da escola é um espaço “esterilizado“, controlado e formatado segundo normas uniformes e não constitui desafio tornando-se entediante.

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Enriquecimento Curricular.

 

O conceito de enriquecimento surge no seguimento dos estudos no âmbito da neurobiologia e importados pela educação com o intuito de promover estímulos enriquecedores às crianças para o seu desenvolvimento. E os estudos realizados mostram que há 2 fatores particularmente importantes na construção de um cérebro melhor.

Promoção de uma EDUCAÇÃO DESAFIANTE, com novas informações ou experiências (introdução da novidade):

  • O modelo “Escola na Nuvem” (SOLE – Self Orgaizing Learning Environments) proporciona a metodologia e o desafio no aluno o qual evolui num ambiente auto-regulado e sobretudo num modelo onde a supervisão dos adultos é mínima (Estilos de Ensino além da barreira da descoberta, centrados no aluno).
  • Permitir espaço para a autonomia das crianças
  • Contacto com a natureza realizando projetos de agricultura biológica, cultivando a terra e cuidando de animais.
  • Alargar a noção de espaços de aprendizagem, abandonando a escola do cubículo e a Pedagogia predial e aprender no contexto da relação com e na comunidade através de projetos úteis.
  • Promover o clube de Inteligência Emocional ou currículos de literacia emocional.

APRENDER COM A EXPERIÊNCIA – carácter prático e experimental.

  • O “mundo exterior é o verdadeiro alimento para o cérebro em crescimento”.
  • Respeitar mais tempo livre para brincar porque “Brincar é um trabalho sério para as crianças“.
  • A alegria da atividade lúdica, do ócio: do ponto de vista formativo é indissociável ao desenvolvimento da criança.
  • Escutar a voz das crianças: encorajar os adultos a escutarem as vozes das crianças nos assuntos que lhes dizem directamente respeito e a considerarem essas opiniões quando tomam decisões. Alguém se lembrou de perguntar ás crianças o que querem fazer nas AEC? Propor o debate no seio das crianças para o próximo ano letivo?

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Alimento para o cérebro

SUGATA MITRA ted talk


Sugata Mitra, com a sua “Experiência do Buraco na Parede” provou:

  1. As crianças podem-se ensinar a elas próprias.
  2. A Educação é um sistema auto-organizado onde a aprendizagem é um fenómeno emergente.
  3. As crianças conseguem com frequência responder a questões muitos anos à frente dos conteúdos que estão a aprender nas escolas.

jose gil filosofo.

O filósofo José Gil afirma que “ existe invenção, inovação, produção criativa deixando margem para o imprevisível, o inavaliável, a irrupção da singularidade”.

 

Será que a escola ensina a cuidar do cérebro?

 

ConectomaMathieu Richard afirma “Gostamos de jogging, fitness e todo o tipo de coisas para nos mantermos bonitos. No entanto, surpreendentemente reservamos muito pouco tempo para o que mais importa, compreender a forma como a nossa mente funciona, que é o que determina a qualidade da nossas experiências”. Obviamente que fala da meditação como forma de explorar o nosso universo interior.

cérebro

  • Daniel G. Amen, “8 Warning Signs Your Brain Is In Trouble”: PDF;
  • Daniel G. Amen, “The Impact of Brain Imaging on Psychiatry and Treatment for Improving Brain Health and Function: PDF;
  • Daniel G. Amen, “It’s Time to Stop Flying Blind: How Not Looking at the Brain Leads to Missed Diagnoses,Failed Treatments, and Dangerous Behaviors”: PDF;
  • Daniel G. Amen, “Specific Ways Brain SPECT Imaging Enhances Clinical Psychiatric Practice”: PDF.
  • Daniel G. Amen, “Change your brain, Change your body – Questionaire”: PDF.

Será que a escola ensina a cuidar do coração?

 

É sem dúvida um sistema muito importante mas a investigação em inteligência emocional  mostra que ele é regulado pela inteligência do centro cardíaco. As emoções positivas aumentam a sincronização dos vários sistemas corporais permitindo às crianças funcionar com maior eficiência e eficácia. A atividade cerebral beneficia muito com os estados de coerência emocional (sincronização coração-cérebro).

Ciência do Coração do Institute HeartMathPDF

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O problema 2 Sigma.

 

A necessidade de ajudar de forma personalizada, respondendo às suas necessidades específicas e individuais, garantindo a melhor eficiência e maior eficácia do ensino levou vários investigadores no âmbito da pedagogia científica numa procura de “Métodos de Instrução de Grupo tão eficazes como a Tutoria Um-a-Um” (Benjamin S. Bloom, 2006). Compararam a aprendizagem dos estudantes segundo 3 condições distintas de instrução: Problema 2 Sigma – PDF

  1. Convencional: os alunos aprendem o sujeito da matéria numa classe com 30 alunos por professor. São administrados testes periodicamente para avaliar os estudantes.
  2. Mastery Learning (Aprendizagem por Maestria): mantém-se o mesmo rácio professor-aluno anterior (30/1). A instrução é igual ao modelo convencional (o mesmo professor). São aplicados testes formativos (os mesmos que no grupo anterior), depois são dados feedbacks seguidos por procedimentos corretivos e são administrados testes formativos em simultâneo para determinar o grau de maestria do assunto pelo estudante. Apenas se passa para a matéria seguinte quando o estudante atingiu no mínimo 90% de domínio dos conteúdos. Este modelo, ao contrário do convencional/tradicional assume que cada estudante possui um ritmo diferente para assimilar os mesmos conteúdos e como tal o professor deverá utilizar as estratégias necessárias para que o aluno compreenda os conteúdos.
  3. Tutoria: os estudantes aprendem o assunto ou tema da matéria com um bom tutor para cada estudante (ou 2 ou 3 estudantes em simultâneo). Esta instrução por tutoria é seguida pela aplicação de testes formativos periódicos, feedback corretivos e testes formativos. A necessidade de trabalho corretivo neste modelo é muito reduzida.

2 sigma problema cores

LEGENDA: as curvas do gráfico mostram o grau de eficácia e sucesso de cada método.

  • Lecture (Palestra): apresentação oral que tem como objetivo apresentar informação para ensinar os alunos acerca de um assunto em particular.
  • Mastery Learning (Domínio da Aprendizagem): “os estudantes são ajudados na maestria de cada conteúdo de aprendizagem antes de avançarem para tarefas ou conteúdos mais exigentes.
  • Individual Tutoring (Tutoria): um Tutor é um instrutor que facilita lições privadas ou um atendimento personalizado ao aluno.

active-learningLouis Deslauriers, Ellen Schelew, Carl Wiema “Improved Learning in a Large-Enrollment Physics Class” – PDF

 Os resultados estatísticos mostraram diferenças significativas em termos de resultados nos três modelos de instrução. Utilizando o desvio padrão (sigma σ) com base no grupo/classe de controlo (convencional), verificou-se tipicamente que a média dos estudantes que estiveram sujeitos à tutoria foi de 2 desvios padrão acima da média do grupo de controlo (98% acima dos estudantes da classe de controlo), A média dos estudantes sujeitos à Aprendizagem por Maestria situou-se em 1 desvio padrão acima da média do grupo de controlo (a média dos estudantes estava 84% acima dos estudantes da classe de controlo). Nós queremos os alunos na zona verde!…

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Aprendizagem Personalizada

Educar por Medida?!…

 

O modelo de “alfaiate” na educação é o Tutor (Tutoria). Será possível prestar um serviço educativo por medida com o mesmo número de recursos humanos das escolas?!… A tutoria, também chamada de mentoring, é um método muito utilizado para efetivar uma interação pedagógica. Os tutores ou facilitadores acompanham os seus alunos de forma sistemática, planeando o seu desenvolvimento e avaliando a eficiência de suas orientações de modo a resolver problemas que possam ocorrer durante o processo. A tutoria permite uma personalização do serviço educativo respondendo às necessidades específicas de cada aluno que apresenta um perfil recortado de pontos fortes e pontos fracos. O desafio ao atual modelo está em conseguir uma abordagem personalizada em turmas cujo rácio professor-aluno é de 1-30. Este desafio foi conseguido com o modelo CURSERA (adaptar aos níveis básicos de ensino) e a ESCOLA da PONTE simplesmente dissolveu as turmas…

 

Características da Aprendizagem Personalizada.

 

  1. Progressão Baseada na Competência (PBC): Cada estudante progride no sentido de objetivos claramente-definidos estando em contínua avaliação. À medida que o estudante avança, adquire créditos assim que demonstre a maestria (Aprendizagem auto-regulada pelo estudante).
  2. Ambientes de Aprendizagem Flexível (AAF): As necessidades dos estudantes determinam a conceção/design do ambiente da aprendizagem. Todos os elementos operacionais – planos dos facilitadores, utilização do espaço e do tempo – respondem e adaptam-se no sentido de dar apoio ao estudante no sentido de ele alcançar o seu objetivo.
  3. Caminhos de Aprendizagem Pessoais (CAP): Todos os estudantes são olhados com expectativas elevadas no entanto cada um deles segue um caminho personalizado que responde e se adapta às características individuais próprias do seu processo de aprendizagem, motivações e objetivos.
  4. Perfis de Aprendizagem (PA): Cada estudante possui um registo atualizado das suas forças, necessidades, motivações e objetivos.

ESTUDANTE-MÉDIO

Apoio Bibliográfico:

  • Megan Mead et al (2014), “Lighting the path to Personalized Learning – Inspiring Stories from Next Gen Schools”: PDF;
  • American Institute for Research (AIR); “Are personalized Learning Environments the next Wave of K-12 Education Reform?”: PDF.
  • Peggy Grant and Dale Basye; “Personalized Learning – A Guide for Engaging Students with Technology”: PDF.

 

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